Por Gabriela De Laurentis e Karen Grimmer | 22 set 2020.
A juta no Brasil tem sua produção principalmente destinada às sacarias de Café, decoração e calçados. No entanto seu uso tem sido cada vez mais frequente e estimulado na Moda nacional, seja pelo seu aspecto rústico e natural, como pelo fato de ser uma fibra biodegradável e de alta resistência. Por ainda não contar com um beneficiamento em escala que torne a juta mais suave e maleável, seu uso ainda fica restrito. Na semana de moda em SP, a SPFW, se presenciou em 2019 a incursão da juta no desfile da estilista de moda sustentável Flávia Aranha que é conhecida por seus tingimentos naturais e impressões botânicas. Nessa nova coleção, a estilista alcançou um resultado inovador através do tingimento da fibra com o pau-brasil: primeiro, uma cor vibrante – um vermelho forte -, e segundo, o amaciamento natural do tecido através do tingimento realizado, lembrando a textura de um linhão.
A juta é uma fibra têxtil vegetal que foi introduzida no Brasil pelos japoneses e tornou-se uma das principais atividades econômicas das populações ribeirinhas da região amazônica, sendo o fator fundamental da fixação de mais de 15 mil famílias no campo. O plantio da juta é realizado nas margens dos Rios Solimões e Amazonas. A fibra seca é vendida para empresa de produção de juta e no seu processo de transformação da fibra em tecido são utilizados apenas aditivos orgânicos e os óleos vegetais. Isso, associado às características naturais da planta, faz com que os produtos de juta sejam totalmente biodegradáveis. Ou seja, quando o produto de juta é descartado, ele se desintegra completamente em menos de um ano sem deixar qualquer resíduo ou dano ambiental.
A Castanhal, maior fabricante de produtos de juta do Brasil, conquistou o selo “Fair Trade”, sendo a primeira fabricante de sacos de juta no mundo a conquistar essa certificação. A empresa também vem estabelecendo parcerias com marcas pequenas como a DeLaurentis, com uma coleção de aventais em juta, a Grimmer, com bolsas em juta e aplicações em bordado e com a marca de joias Bruna Fois que usa os fios de juta em suas criações.
KAREN GRIMMER é a designer-fundadora da Grimmer, de camisaria com estampa autoral que ela desenvolve, focada geralmente em artistas mulheres. Atualmente a atuação da Karen se amplia, com bordados e estampas por encomenda, e design gráfico e de conteúdo para outras empresas e pessoas; além de fazer parte do movimento latino-americano de moda sustentável MOLA, como representante Brasil (Voz do#UniversoMOLA Brasil). @universomola
GABRIELA DE LAURENTIS é a designer-fundadora da DeLaurentis, de aventais naturais para ofícios para estimular as práticas manuais e gerar autoestima em quem veste o avental. Designer, pesquisadora, artista têxtil, é mestranda em Design na ESDI no Rio de Janeiro, e cursou mestrado em pesquisa de mercado, mídias y opinião pública na UCES em Buenos Aires, Argentina. Para promover mais práticas manuais, promove oficinas de estamparia manual natural, como flowerpounding, entre outras.
Foto: Duda Itajahy @bebaliquefeito . Avental de juta feito em parceria com a Castanhal @jutadacastanhal .
Escrito em junho 2019